células tronco
O que são células-tronco e qual sua importância para a ciência?
Por meio do Núcleo de Biologia Experimental, a Unifor desenvolve trabalhos no Laboratório de Neurociências para pesquisas com células-tronco
Cada vez mais, as células-tronco têm suscitado significativo interesse científico devido ao seu notável potencial para regenerar tecidos danificados e tratar diversas condições médicas. Diante desse cenário, pesquisas e ensaios clínicos buscam aprofundar o entendimento e explorar as possibilidades terapêuticas dessas células inovadoras.
Mas afinal, você sabe o que são células-tronco e para que elas servem? Vamos compreender o que elas significam e como desempenham suas funções no organismo - seja humano ou animal.
O que são células-tronco?
Essas estruturas são células especializadas dotadas de uma considerável capacidade de se diferenciar em diversos tipos celulares especializados no organismo. Elas constituem a fonte primordial de todas as outras células no corpo, desempenhando um papel crucial nos processos de desenvolvimento, crescimento, reparo e renovação dos tecidos.
As células-tronco são utilizadas tanto no âmbito da saúde animal como humana. Para os animais, elas são amplamente aplicadas no Brasil e no mundo para o tratamento de diversos quadros clínicos, tendo o uso de células-tronco mesenquimais como preferencial.
No entanto, para a saúde humana, o uso de células-tronco continua sendo limitado, dependendo do entendimento e regulamentação de cada país. É o que explica Leonardo Tondello, doutor em Biotecnologia e pesquisador do Núcleo de Biologia Experimental (Nubex) da Universidade de Fortaleza — instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz.
Quando falamos no âmbito da saúde animal, ele pontua que as pesquisas com células-tronco têm avançado para aprimorar nosso entendimento sobre sua aplicabilidade e eficácia terapêutica.
“Enquanto isso, no campo da saúde humana, as pesquisas enfrentam limitações éticas e regulatórias significativas, particularmente no caso das células-tronco embrionárias”, revela o também docente do curso de Medicina Veterinária da Unifor.
Principais tipos e aplicações
O professor explica que existem quatro tipos principais de células-tronco:
- Células-tronco embrionárias (CTEs)
Têm a capacidade de se diferenciar em praticamente qualquer tipo de célula no corpo. São encontradas em embriões humanos na fase inicial do desenvolvimento, geralmente no estágio de blastocisto. Embora as CTEs possuam grande potencial de diferenciação em uma variedade de tipos celulares, sua utilização em pesquisa e terapia é limitada devido a questões éticas e políticas relacionadas à obtenção de células de embriões humanos. - Células-tronco adultas ou somáticas
Essas células estão presentes em tecidos adultos e têm a capacidade de se renovar e se diferenciar em tipos de células específicos do tecido onde residem. Alguns exemplos incluem células-tronco hematopoiéticas na medula óssea e células-tronco mesenquimais em vários tecidos, como o tecido adiposo e o cordão umbilical. - Células-tronco mesenquimais (MSCs)
As células-tronco adultas multipotentes são encontradas em vários tecidos, incluindo a medula óssea, o tecido adiposo e o cordão umbilical. Elas têm a capacidade de se diferenciar em uma variedade de tipos celulares, incluindo osteoblastos (células ósseas), condroblastos (células da cartilagem) e adipócitos (células adiposas). - Células-tronco induzidas pluripotentes (iPSCs)
Essas são células adultas que foram reprogramadas geneticamente para adquirir características semelhantes às células-tronco embrionárias. Elas são criadas através da introdução de fatores de transcrição específicos em células adultas, como células da pele ou células sanguíneas.
Leonardo Tondello comenta que as embrionárias têm um elevadíssimo potencial de diferenciação em outros tipos de células, exercendo um papel fundamental no desenvolvimento embrionário e fetal.
Já as mesenquimais, esclarece o pesquisador, estão presentes no organismo em diferentes fases do desenvolvimento, inclusive no corpo de adultos. Elas atuam como um mecanismo de defesa e reparo frente a uma vasta gama de condições associadas à quebra do estado de saúde.
Nubex e as pesquisas sobre células-tronco
Fundado em março de 2013, o Núcleo de Biologia Experimental (Nubex) é reconhecido como um centro de excelência em pesquisa tanto para graduação quanto para a pós-graduação da Universidade de Fortaleza.
Seu propósito central é gerar novos conhecimentos que enfrentem os desafios científicos, biotecnológicos e sociais enfrentados pelo Brasil. O setor é ativo em diversas áreas, incluindo pesquisa, inovação e desenvolvimento, com foco especial nos setores de saúde, alimentos, fármacos e educação.
(https://youtu.be/a-rEjojBpFs )
Na questão das células-tronco, o foco de pesquisa do Nubex está centrado no uso de células-tronco animais, onde os esforços são direcionados principalmente para duas áreas-chave:
- No aprimoramento da estabilidade do produto durante o transporte, visando garantir sua integridade e eficácia terapêutica;
- Na possibilidade de aproveitar terapeuticamente os fatores regenerativos e outras moléculas bioativas produzidas e secretadas pelas células-tronco de forma isolada, como uma alternativa ao uso direto das células em si.
Acredita-se que essa abordagem pode abrir novas perspectivas no campo da terapia celular, oferecendo soluções inovadoras e potencialmente mais acessíveis para uma variedade de condições de saúde.
Ética na pesquisa com os animais
No desenvolvimento de pesquisas pré-clínicas no Nubex, envolvendo tanto modelos animais quanto cultura de células, são seguidas rigorosamente as práticas e protocolos estabelecidos pela Lei Arouca (11.794/08), que define as condutas éticas para o uso de animais em pesquisas científicas.
Além disso, o Núcleo somente desenvolve protocolos de pesquisas de projetos devidamente avaliados e aprovados pela Comissão de Ética para o Uso de Animais (CEUA) da Unifor.
Ele promove sempre eventos científicos de bem-estar animal, focando no aprimoramento técnico-científico sobre o assunto, além de discutir amplamente uma ética que favoreça ao amadurecimento da conduta moral necessária ao pesquisador da área.
O Nubex preza pelo respeito perante a vida animal que poderá ser utilizado em um protocolo de pesquisa com células-tronco e pela honestidade de estabelecer uma metodologia eficaz. Estima ainda que se utilize o menor número possível de bichos e a responsabilidade de escolher o modelo biológico mais adequado, sempre considerando a possibilidade da utilização de cultura celular.
Ramon Raposo, coordenador do CEUA e professor da Unifor, afirma que o setor prioriza estimular os pesquisadores usuários do equipamento a desenvolverem pesquisas utilizando métodos alternativos ao uso de animais vivos que sejam validados pelo Centro Brasileiro para Validação de Métodos Alternativos (BraCVAM).
O docente também comenta que a questão envolvendo as células-tronco embrionárias humanas passa pelo seguinte: a necessidade de buscar meios de prevenção ou alívio do sofrimento por meio das pesquisas científicas versus o tópico moral sobre interromper o desenvolvimento de uma vida que já está presente no estágio embrionário.
“Atualmente, a Lei de Biossegurança (11.105/05) permite, com restrições, o uso de células-tronco embrionárias em pesquisa e terapia. Essas células são obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro que se encontram inviáveis e têm três ou mais anos congelados. A reflexão ética contínua é essencial para revisar e aprimorar as leis vigentes diante dos desafios éticos em discussão”, conclui.
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